terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ferrovia Norte-Sul

A obra que virou lenda e símbolo de gastança
Artigo publicado na última edição da Revista Chocolate Chic


Talvez muitos brasileiros desconheçam, mas o Governo Federal ‘toca’ uma obra iniciada em 1987, durante o mandato do Presidente José Sarney. Trata-se da Ferrovia Norte-Sul, um ambicioso projeto que se arrasta por quase três décadas. O objetivo é ligar através de trilhos a Amazônia ao Rio Grande do Sul. No entanto, sem previsão para conclusão, a obra se transformou em um monumento à inépcia.
Se algum dia a obra sair do papel, a ferrovia terá a extensão de 4.155 km e cortará os Estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Atualmente, com a lentidão das obras, somente estão prontos 1.574 km de trilhos (entre Açailândia - MA e Anápolis – GO). Trecho que levou absurdos 26 anos para ficar pronto.
Em 2014, a então presidente Dilma, inaugurou 855 km (entre Porto Nacional - TO até Anápolis). Porém, nem mesmo o que foi entregue pode ser considerado pronto, isso porque o trecho de 855 km ainda conta com vários problemas técnicos, como no terminal operacional. Além disso, a ferrovia está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre os problemas listados na obra figuram o superfaturamento; uso de material de péssima qualidade, a exemplo de britas e do aço dos trilhos (vindos da China), que não tem a dureza (rigidez) necessária e é preciso diminuir a carga transportada; curvas fechadas demais (que obrigam o trem a reduzir a velocidade para não descarrilar); trilhos que não foram soldados; e outras provas incontestáveis de incompetência. A inexistência de pátios de manobra, por exemplo, impossibilita o carregamento ou o descarregamento e impede a passagem de outro trem em sentido contrário.
A Valec, empresa responsável pela construção da ferrovia, divulgou que faltam projetos. O Ministério dos Transportes estaria discutindo com a Secretaria Especial de Programas Prioritários de Investimento, qual será a melhor forma de viabilizar os investimentos.  Porém especialistas garantem que a Ferrovia Norte-Sul é o maior exemplo de ineficiência do dinheiro público. Nem mesmo ao certo é possível precisar o valor gasto até hoje com a obra. Alguns inclusive acreditam, que se um dia ficar pronta, a ferrovia em construção desde a década de 80, terá a cara de estrada de ferro dos tempos em que os vagões eram puxados pela maria-fumaça.
Enquanto isso no Velho Oeste Catarinense, seguimos aguardando as informações sobre a Ferrovia do Frango. Em outubro de 2014 a então ministra do Planejamento, Miriam Belchior, esteve em Chapecó para a assinatura de contrato com o consórcio Prosul/Setepla/Urbaniza/Hansa, vencedora da licitação - no valor de R$ 68 milhões. O contrato previa o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, levantamento aerofotogramétrico e o projeto básico. Tudo deveria estar concluído em 22 meses, mas até agora nada.

Caso saia do papel, a Ferrovia do Frango terá 862 quilômetros previstos, com trajeto inicial saindo de Dionísio Cerqueira, passando por São Miguel do Oeste, Chapecó, Herval do Oeste e Santa Cecília, até o porto de Itajaí. Vamos aguardar!