A obra que virou lenda
e símbolo de gastança

Artigo publicado na última edição da Revista Chocolate Chic

Talvez muitos
brasileiros desconheçam, mas o Governo Federal ‘toca’ uma obra iniciada em
1987, durante o mandato do Presidente José Sarney. Trata-se da Ferrovia
Norte-Sul, um ambicioso projeto que se arrasta por quase três décadas. O
objetivo é ligar através de trilhos a Amazônia ao Rio Grande do Sul. No
entanto, sem previsão para conclusão, a obra se
transformou em um monumento à inépcia.
Se algum dia a
obra sair do papel, a ferrovia terá a extensão de
4.155 km e cortará os Estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas
Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Atualmente, com a lentidão das obras, somente estão prontos 1.574 km de
trilhos (entre Açailândia - MA e Anápolis – GO). Trecho que levou absurdos 26
anos para ficar pronto.
Em 2014, a então
presidente Dilma, inaugurou 855 km (entre Porto Nacional - TO até Anápolis). Porém,
nem mesmo o que foi entregue pode ser considerado pronto, isso porque o trecho
de 855 km ainda conta com vários problemas
técnicos, como no terminal operacional. Além disso, a ferrovia está na mira do Tribunal
de Contas da União (TCU).
Entre os problemas
listados na obra figuram o superfaturamento; uso de material de péssima
qualidade, a exemplo de britas e do aço dos trilhos (vindos da China), que não
tem a dureza (rigidez) necessária e é preciso diminuir a carga transportada; curvas
fechadas demais (que obrigam o trem a reduzir a velocidade para não
descarrilar); trilhos que não foram soldados; e outras provas incontestáveis de
incompetência. A inexistência de pátios de manobra, por exemplo, impossibilita
o carregamento ou o descarregamento e impede a passagem de outro trem em sentido
contrário.
A Valec,
empresa responsável pela construção da ferrovia, divulgou que faltam projetos.
O Ministério dos Transportes estaria discutindo com a Secretaria Especial de
Programas Prioritários de Investimento, qual será a melhor forma de viabilizar os
investimentos. Porém especialistas
garantem que a Ferrovia Norte-Sul é o maior
exemplo de ineficiência do dinheiro público. Nem mesmo ao certo é possível
precisar o valor gasto até hoje com a obra. Alguns inclusive acreditam, que se
um dia ficar pronta, a ferrovia em construção desde a década de 80, terá a cara
de estrada de ferro dos tempos em que os vagões eram puxados pela maria-fumaça.
Enquanto isso no Velho
Oeste Catarinense, seguimos aguardando as informações sobre a Ferrovia do
Frango. Em outubro de 2014 a então ministra do Planejamento, Miriam
Belchior, esteve em Chapecó para a assinatura de contrato com o consórcio
Prosul/Setepla/Urbaniza/Hansa, vencedora da licitação - no valor de R$ 68
milhões. O contrato previa o Estudo de
Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, levantamento aerofotogramétrico e o
projeto básico. Tudo deveria estar concluído em 22 meses, mas até agora nada.
Caso saia do papel, a Ferrovia do Frango terá 862 quilômetros
previstos, com trajeto inicial saindo de Dionísio Cerqueira, passando por São
Miguel do Oeste, Chapecó, Herval do Oeste e Santa Cecília, até o porto de
Itajaí. Vamos aguardar!